quarta-feira, 5 de março de 2014
Entrevista: Bruno Brown
quarta-feira, 5 de março de 2014
by
Paulo Costa
Fotos: Petrônio Vilela, Heverton ribeiro, Shin Shikuma e Arquivo Pessoal
O paulista João Bruno Leonardo Junior, o Bruno Bronw, 52 anos, um dos ícones do skate brasileiro, membro da igualmente icônica equipe Wave Boys, conta aqui um pouco de sua história no skateboard, como fez pra vencer a morte e projetos futuros.
Bruno, aquela coisa; como, com
quem e onde começa o caso com o skate?
Comecei em 1974 com o skate de um
amigo no bairro Jardins em São Paulo/SP.
E o contato com o skate mais
técnico, ou seja, pistas, manobras... Qual ou quais skatistas já se destacavam
que você se lembra?
O primeiro contacto com pistas
foi em 1976 na pista do condomínio Alphaville, mas com manobras mesmo foi em
1977 na Wave Park. Vários skaters se destacavam;. Jun Hashimoto, Formiga, Jofa,
Rogerinho do Museu, Kao Tai, Massarico, Peninha, Christian Von Sydow, Lumbra e
Ralph Hellhammer, entre outros..
Seu primeiro patrocínio foi
da Wave Boys? Teve outros patrocínios
naquele período?
Sim, meu primeiro patrocínio foi
na equipe Wave Parque/Gledson/Coca-Cola. Depois veio a DM/Pepsi e por último a
Costa Norte. Quando a WP fechou em 1981 as outras opções da época foram a
Franete e Wave Cat.
Por falar em equipe, que outras equipes se destacavam?
DM Pepsi (Allois Malfitani, Gian
Malfitanni, Claudio Fernandes, Bola 7,
Gini, Wandi), Prisma (Cassio Leitão, Peninha, Edu, Thomas) Costa Norte (Kao
Tai, Vitche, Minhoca) e equipes de outros estados como South Shore do Sul e
Surfcraft do Rio de Janeiro.
Você foi um dos primeiros a
seguir para os EUA por causa do skate. Como tudo aconteceu? Você vislumbrava o
profissionalismo ou era for fun a ideia?
Sempre tive vontade de morar na
Califórnia tanto pelo skate como pelo surf, então, quando entrei na faculdade,
após dois anos eu tranquei e fui para lá de vez. Depois de quatro anos conheci
o Alva, Hosoi e outros e comecei a trazer materiais de skate pro Brasil.
Você foi pioneiro nessa prática
de trazer materiais para o Brasil ou
havia outros, pois naquela época era bem difícil, não?
Sim, venda pras lojas fui o primeiro juntamente
com os gêmeos Oscar e Osmar Lattuca
do Rio de Janeiro.
Original Full Pipe |
Você teve uma larga experiência com o skate dos
EUA, fez parte da cena por lá... Existe diferenças entre as cenas dos EUA e do
Brasil?
Não há muita diferença nas cenas
a não ser agora pela quantidade e qualidade das pistas.
Como aconteceu a alternância
entre Brasil/EUA?
Nos anos 1980, passei uma grande parte indo pra
Califórnia e em 1994 mudei definitivamente pra lá e fiquei 9 anos direto.
Backyard Pool.EUA |
Em que ano você voltou
definitivamente e o que te fez vir morar novamente no Brasil? Você viu uma
melhor estrutura de pistas, skatistas... Nos fale também um pouco sobre a sua
loja Wave Boys que você abriu quando voltou...
Em 2003 voltei definitivamente
por vários motivos e abri a loja Wave Boys aqui em São Paulo porque notei a
carência de algumas marcas por aqui. Quanto a pistas estava fraquíssimo! A WB
foi uma loja conceito, com marcas que eu já trabalhava antes como Alva,
Dogtown, Bull Dog, Thrasher, Hosoi, Black Label e Dickies, entre outras.
![]() |
Grind na Classe D |
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Em uma competição de Slalom |
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RTMF |
![]() |
RTMF |
Juntamente com seu pai, você trouxe
pela primeira vez Chistian Hosoi
ao Brasil, um skatista de peso no cenário mundial, considerado o melhor por
muitos e isso foi um marco para skate brasileiro, pois a experiência de tê-lo
aqui ajudou na evolução do skate. Como tudo aconteceu?
Antes disso nós já tínhamos
trazido o (Tony) Alva e o Dave Duncan (embora o primeiro skatista profissional
a vir para cá foi o Malcom Mckee da Sims que visitou a Wave Park em 79) e o
Hosoi ficou sabendo. Como eu já trazia produtos começamos a desenvolver a marca
Hosoi aqui no Brasil e trouxemos ele para o lançamento e também para promover a
marca fazendo tours pelas pistas e ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro
também. A experiência foi ótima, pois o contacto com skatistas brasileiros
proporcionou uma grande evolução e possibilitou a criação de novos talentos.
PS.: Vocês podem ver mais sobre
isso no programa Califorfum 3, em que o próprio Hosoi explica toda essa
história.
Pipe em SP |
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SBC.80's |
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Mureta's.80's |
![]() |
Stones.Anos 1980 |
Você está diretamente ligado a raiz do skate no Brasil, tem uma imagem bem ligada ao lado roots, porém, além do lado empresarial, você sempre está participando e organizando competições. Qual a importância das competições pra você, pois muitos não gostam, outros até são contra...
Campeonatos são bons só quando
formam um circuito ou quando sempre se repetem para aumentar o nível dos
skatistas, mas neles, o skatista não consegue representar o que e o quanto ele
o anda de verdade.
Depois de todos esses anos da
para você criar uma lista dos seus skatistas preferidos entre brasileiros e
estrangeiros depois de conhecer e andar com tantos skatistas?
Gosto de ver Bob Burniquist, Digo
Menezes, Pedro Barros, lincoln Ueda, Sandro Dias Mineiro, Mauro Mureta, Álvaro
Por quê?, Chileno, Daniel Kim, Felipe Foguinho, Leo Kakinho, Vitor e Mizael Simão, Marcelo Kosake e outros.
Nos EUA, com quem você mais
andava? E hoje, quem são os que estão sempre nas sessions com você?
Nos EUA era o Alva, Hosoi, Mad
Dog, Mark Partain e outros amigos locais. Hoje ando com Mureta, Kim, Chileno,
Por Quê?, Ari Bason, Magrão...
Você passou por uma fase de Superação de uma grave doença e conseguiu se curar. Conte-nos como foi esse
processo e se mudou sua visão de vida após essa experiência.´
Sim, eu superei um câncer de
esôfago e foi a fase mais difícil da vida em que tive que me focar em algo para
ter como meta de sobrevivência e meu foco foi o skate e minha família. Coloquei
isso na cabeça e lutei todos os dia até conseguir vencer.
![]() |
Em recuperação no Mureta com Jun Hashimoto e Álvaro Por quê? |
Recentemente você re-lançou as rodas
Charger. Qual a história da marca?
A Charger foi inventada aqui pelo
Joey Tershay , Jake Phelps, John Cardiel e Julien Stranger na primeira tour da
Thrasher no Brasil em 1994. Logo depois eles agitaram para eu fabricar rodas
com a Spitfire. A equipe era de peso e tinha;
Hosoi, Alva, Mark Partain, Christian Brox, Charlie Pacheco, Mad Dog Dave
Ruel e Sandro Dias, entre outros.
SBC antes da reforma |
No momento como andam as sessions, o lado empresarial e os planos futuros?
Tenho andado só no Mureta,
Mineiro e um pouco de Down Hill. Retomei o projeto das rodas Charger com
modelos de skaters brasileiros como Ari Bason, Masterson Magrão, Felipe
Foguinho, Mauro Mureta, Daniel Kim e a linha
Wave Boys, que vai ter models do Jun Hashimoto, meu e do (Luiz Roberto) Formiga
em breve. São rodas feitas para pista em principio, mas também vamos
desenvolver os modelos para Down Hill Slide... Em breve teremos a linha
completa.
Após todos esses anos, na sua
opinião, o skate é o mesmo do passado?
Não, mudou completamente! Tanto o
skate quanto os skatistas. Antes era uma coisa mais rebelde, mais
underground... Hoje em dia é ser profissional e ganhar dinheiro em primeiro
lugar.
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B. Bronw, primeiro a direita. Reprodução revista Yeah! |
![]() |
Adicionar legenda |
Com o saudoso Chorão |
Com amigo nos EUA |
![]() |
Competindo no I Brasileiro de Street Skate em Santos |
![]() | ||||
Capa da Overall SKT Mag nº 14 |
Abaixo, entrevista na Overall Skate Magazine nº 14. 1989
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3 Responses to “ Entrevista: Bruno Brown ”
5 de março de 2014 às 11:26
Muito foda!!!! O cara é inspiração total no skate e na superação de problemas fora dele, além de um grande representante do Brasil na California. Todas as lendas do skate conhecem e admiram o cara por seu estilo e por sua estória.
Com certeza um skatista de verdade, sem rótulos escrotos e que muito moleque de hoje quer ter para aparecer.
5 de março de 2014 às 14:11
Muito legal.
6 de março de 2014 às 00:05
Bruno é firma forte, JAHBLESS!!!!
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